POETA

POETA

domingo, 21 de março de 2010


Este Tony Cambeta meu padrinho
Que não pára de me surpreender
Não consigo faze-lo parar
Já não sei o que fazer

Tenho pena de não poder
Fazer o mesmo e surpreender
Como faz o meu padrinho
Mas estou nesta situação
E sem outra solução
Só lhe posso dar carinho

Esse sentimento lhe darei
Sempre sem hesitar
Estarei sempre presente
E com carinho para lhe dar

Homem de letras e poesia
E de muita sabedoria
Com um grande coração
Vive a fazer o bem
E dar a quem não tem
Lá em terras de Sião


Arménio Cruz
Março de 2008

domingo, 14 de março de 2010

EMBARQUE DE FEZES


Num quente e humido dia de verão
cumprindo a minha missão,
a zona norte da cidade fui ron
e, então vi a navegar
imensas embarcações
que iam e vinha atracando a ponteões,
logo se formou no pensamento
o que se passava no momento.

Pensando que contrabando se estava a tratar
e, patrulha não vendo o fui procurar,
o encontrei, estava ele sentado
e muito bem instalado,
nem por mim dando ao chegar
mas ao em mim reparar
encavacado ficou
e prontamento continência efecto-ou

Pela sua postura o chamei a atenção
e quis saber logo a razão
o porquê daquela embarcação ali atracou
e que carga ela embarcou
Sem a licença mostrar
por isso estava a indagar
e o guarda prontamente respondeu
que tinha sido merda que a embarcação meteu.

Embaraçado com a resposta fiquei
e logo dali me ausentei
ficando no ar um fedor a pairar
e admirado pela forma de um macaense falar
fezes ou adubo orgânico não o sabia dizer
para me poder melhor explicar
e que pobres agricultores da China ali estavam a embarcar.

sábado, 13 de março de 2010

JORNAL MANOBRA

Mais uma vez, novo comadante a Macau chegou
e muitas coisas veio mudar
muita coisa ele alterou
pela sua forma de ser e de pensar.

De Portugal ele vinha
depois da revolução
outra mentalidade aberta ele tinha
e muita compreensão

Dizia ele em sua filosofia
ter que a corporação conhecer
era a ele que competia
desse modo proceder

Conselheiros da revolução
em Macau se encontravam
com novos ensimentos e muita confusão
de um digno oficial não gostavam

O governador precionado
pelos conselheiro da revolução
a esse distinto soldado
o teve que mandar para a prisão

O capitão do porto não gostou
desse modo do governador proceder
e então se rebeliou
e a essa ordem não quis obedecer

Debaixo dessa tensão
a anarquia reinava
o oficial na prisão
e a Marinha sem comando esta

Foi então a Marinha vigiada
vinte e quatro horas por dia
pela Psp e uma especial brigada
e do quartel ninguem saía

O governador com receio
aos agentes da Marinha foi falar
e fora do seu meio
lá se teve que explicar

Sanada a situação
capitão do porto e o distindo oficial
lá sairam da prisão
embarcando para Portugal

Foi então que se criou
na nossa corporação policial
um ilustrado jornal
fazendo ecos da situação.

Manobra foi assim chamado
e nele eu participei
tudo lá era narrado
muita verdade eu lá contei

Alguns anos ainda sobreviveu
até era recomendado
mas um dia então morreu
por ser bem censurado

Censura em Macau ainda havia
a liberdade não tinha chegado
não se podia dizer o que sentia
e tudo ficou acabado

Mas coisas então mudaram
por fim a liberdade chegou
e por ela ansiaram
por fim o comando mudou

O jornal esse nunca mais apareceu
e os folhetos publicados
foram para ao museu
lá ficando bem guardados.






LIÇÕES DE SAMPANA


Depois de um dia embarcado
saindo de lá bem estafado,
na doca tinha que me apresentar
para lições de sampana praticar

Duas horas de instrução
era essa a duração,
que dava para enjoar
mesmo sem o pequeno almoço tomar.

Era esse o sacrificio
sendo esse o meu ofício
nada tinha a lamentar
senão remadas de sampanas praticar.

Frustado, isso sim ficava,
pois o outro não remava
e grande peso ali fazia
e eu remando lá ia.

Bolhas nas mãos criando
minhas forças desgastando,
com o outro não podia
que nada fazia e só se ria.

Mas como lá diz o ditado
quem por último ri, ri melhorado,
e preguiçoso como ele era
para não ficar à espera.

À muralha abiquei
e para terra saltei,
o meu colega hesitou
e nas sujas águas mergulhou.

Ficando de pernas para o ar
no lodo sua cabeça foi enterrar
então eu fiquei a rir
mas com receio dali sair.

Lá tive que o ajudar
e com um croque o puxar
saindo com lodo escorrendo
e uma lição aprendendo.






                      Foi, nesta doca de D.Carlos I, que os factos narrados se passaram.

DACTILOGRAFO


Do frete corrido escorraçado
e na Marinha fui colocado
na contabilidade trabalhei
da poliícia não me afastei

E farda sempre envergando
por lá fiquei dactilografando
e outros serviços fazendo
contabilidade e pagamentos exercendo.

Anos por lá permaneci
não me deixavam ir embarcar,
por isso muito perdi
e a carreira congelar.

Assim estava regulado,
três anos no posto ter feito
e um ano embarcado
assim cumpria o perceito

Por fim lá fui embarcar
mas andava malfadado,
tirocinio não cheguei acabar
por agentes mais velhos terem reclamado.

Era a eles que competia
seu tirocinio efectuar,
voltei para a secretaria
e na contabiliadade de novo fui ficar.

Ao concurso não pode ir
por me faltar tempo de embarque
fui no concurso a seguir,
e ganhei esse combate.


Por todos era invejado
pela cultura e pelo saber,
por isso fui sacrificado
e tudo me mandavam fazer.








Nesta foto pode ver-se os serviços de contabilidade dos Serviços de Marinha à esquerda, e á direita a secretaria da Polícia Marítima e Fiscal. Ano de 1967.



















INCIDENTE NO RESTAURANTE






                                             Numa noite encontrando-me a rondar                                                                                  e necessitando jantar,
para o restaurante Imperador segui,
e lá então escolhi
                                                         qualquer coisa para comer
e um café para beber.
Foi quando vi dois indivíduos entrar,
e numa mesa ao lado se sentar,




como polícia era a minha profissão,
sobre eles recaiu minha suspeisão,
e não me haveria de enganar,
pois pouco depois vi chegar




um grupo com facas empunhadas,
grandes e bem afiadas,
e para tais os dois se dirigiu,
e logo, sem aviso, golpadas desferiu.




Tive então que atuar,
e lhes dei ordem para a agressão acabar,
e como polícia me identificando,
mas minha ordem não acatando,




um tiro para o ar tive que disparar,
para as agressões acabar.
Foi então que um tentou me agredir,
e um tiro tive que desferir,




a bala numa perna o foi alvejar
ficando logo a sangrar,
e no chão ficou prostrado.
Só deste modo a agressão tinha acabado.




Os facalhões fui recolher,
todos tiveram que obedecer,
e no chão ficaram deitados,
muito quietos e comportados,




pouco depois a polícia compareceu,
o ferido numa ambulância meteu,
os outros ela algemou
e numa carrinha os colocou.




Eu, ao comando fui telefonar
para tudo lhe contar.
Depois, a conta paguei e calmamente saí,
e para a Esquadra 1 me dirigi.




Lá chegando, com o comissário falei,
E auto eu datilografei,
narrando tudo o que se tinha passado,
e os tiros que tinha disparado.




As cadeiras tive que selar,
as facas embrulhar,
e ao auto todo juntar,
para no tribunal entregar.




O juiz julgamento não efetuou,
e em prisão preventiva os colocou.
Só meses passados,
foram então julgados e condenados.




E por as seitas pertencerem,
e pena mais leve não merecerem,
por três anos ficaram encarcerados,
e depois para a China recambiados.















sexta-feira, 12 de março de 2010

INSTRUÇÃO


Pensava ir encontrar
uma coorporação a valer,
e boa intrução ie levar
por à Marinha pertencer.

A Polícia Marítima e Fiscal
muitas missões desempenhava,
tinha o seu trem naval
e mercadorias fiscalizava.

Os postos fronteiriços controlava
era mais uma da sua missão,
a orla maritima patrulhava
e os estaleiros e navios em construção.

Mas havia de falta de meios e coordenação
e instrução não nos foi ministrada,
tivémos sim o RDM na mão
e a lição estava ensinada.

Ordem unida essa fizémos,
andando uma horas a marchar
foi só isso o que soubemos
e nos postos agentes acompanhar.

Eu para o mar fui destacado
numa velha vedeta embarquei,
andei quase sempre enjoado
os dias que por lá passei.

Parca foi a aprendizagem
nada me sendo ensinado,
ao convéns fazia lavagem
a isso era obrigado.

De madrugada de quarto ficava
sózinho lá no convéns,
o pessoal esse dormitava
e eu vendo o luar e as marés

Uma semana por lá andei
muitos disparates cometi,
pois uma noite numa escotilha me senti
e os vidros então parti.

O patrão já chateado,
esse velho lobo do mar
não me quis mais embarcado
e eu ao Comandante foi contar.

Para o Posto Fiscal fui aprende
como se procedia à fiscalização,
mas deu logo para entender
não me querem dar formação.

Um agente de primeira acompanhava
vendo como procedia,
eu para ele só estrovava
vendo o dinheiro que recebia.

Findava assim a lição
e para lá não mais voltei,
foi esta a instrução
e segundo o comando preparado fiquei.

Se pouco ou nada sabia
nada mais fiquei a saber,
fui então para a secretaria
por do frete corrido entender.