POETA

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sábado, 13 de março de 2010

LIÇÕES DE SAMPANA


Depois de um dia embarcado
saindo de lá bem estafado,
na doca tinha que me apresentar
para lições de sampana praticar

Duas horas de instrução
era essa a duração,
que dava para enjoar
mesmo sem o pequeno almoço tomar.

Era esse o sacrificio
sendo esse o meu ofício
nada tinha a lamentar
senão remadas de sampanas praticar.

Frustado, isso sim ficava,
pois o outro não remava
e grande peso ali fazia
e eu remando lá ia.

Bolhas nas mãos criando
minhas forças desgastando,
com o outro não podia
que nada fazia e só se ria.

Mas como lá diz o ditado
quem por último ri, ri melhorado,
e preguiçoso como ele era
para não ficar à espera.

À muralha abiquei
e para terra saltei,
o meu colega hesitou
e nas sujas águas mergulhou.

Ficando de pernas para o ar
no lodo sua cabeça foi enterrar
então eu fiquei a rir
mas com receio dali sair.

Lá tive que o ajudar
e com um croque o puxar
saindo com lodo escorrendo
e uma lição aprendendo.






                      Foi, nesta doca de D.Carlos I, que os factos narrados se passaram.

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